QUANDO TUDO ERA UM AREAL
Durante o ano de 1485, mareantes portugueses avistam, desembarcam e baptizam como Angra das Aldeias e Manga das Areias onde hoje se situam a cidade de Tômbua, antiga cidade de Porto Alexandre do tempo colonial português, no sul da República de Angola e a Baía dos Tigres, pequena aldeia de pescadores, mais a sul, hoje completamente despovoada, ambas fundadas por pescadores olhanenses que se instalaram com carácter permanente nessas praias e desenvolveram a produção de pescado e a indústria dos derivados do peixe. A cidade de Moçâmedes seria edificada na baía que se designava como Angra do Negro e a Angra João de Lisboa seria mais tarde Lucira Grande (terminus da 1ª. viagem de Diogo Cão). Naquelas baías corsários fazem aguada e descansam (franceses na sua maioria), fazendo, também, aí, o embarque de escravos.
Durante o sec. XVII após ocupação holandesa, organiza-se expedições de reconhecimento e Cardonega, autor e contemporâneo delas, contacta o povo bochímane, que segundo sua opinião são os autênticos e verdadeiros aborígenes do continente africano. As actuais etnias do sul são na sua maioria povo banto, que segundo a tese do escritor negro M. S. Molena, quando no seu ensaio "The bantus-his past and présent" considera este povo nómada, migrante e invasor e que em muitos locais foram precedidos pelos portugueses.
O MORRO TORRE DO TOMBO
Em 1785 o Tenente Coronel Pinheiro Furtado, comandante de uma missão de reconhecimento portuguesa, visita a Angra do Negro, (designação do lugar onde mais tarde seria erigida a cidade de Moçâmedes da época colonial portuguesa, hoje, cidade do Namibe, no sul da república angolana) e registou as inscrições gravadas por mareantes e corsários na rocha branda. Talvez tivesse sido este oficial português quem primeiro chamou ao morro das inscrições de Torre do Tombo, pondo uma ponta de ironia na analogia com o Arquivo Nacional Português com o mesmo nome. Eis as inscrições:
1645-José da Rosa Alcobaça
1665-O capitão josé da Rosa Alcobaça passou por aqui indo para o Cunene no patacho Nossa Senhora da Nazareth em 4 de Janeiro de 1665.
O Piloto Pederneira
O sargento Domingos de Morais em companhia de José Rosa Alcobaça.
Bernardo Quado Goya
1666-André Chevalier
1723-Kenny
1762-Tomás Decombo
1765-Luís Barros
1768-W. Taylor
1770-Tomás Decombo
Manuel Rodrigues Coelho
Marti
Na rocha branda do morro das inscrições ou Torre do Tombo foram escavadas grutas, possivelmente por corsários, para servirem de abrigo e refúgio na sua itinerância pela costa. (Créditos de imagem de Mário Tendinha´s Site) E foram essas mesmas grutas que abrigaram, anos mais tarde, famílias de olhanenses, que em meados do sec XIX foram chegando a Moçâmedes, em levas sucessivas, voluntariamente, sem apoios governamentais; os primeiros, em caíques (pequenas cascas de noz de vela latina triangular utilizados na pesca e comércio de cabotagem na costa portuguesa, no norte de África e no Mediterrâneo) para aí reconstruírem as suas vidas e inaugurarem uma nova era de progresso para o distrito, cuja riqueza seria proporcionada pelo mar.
Construíram o seu bairro perto do morro das inscrições ou Torre do Tombo, que foi crescendo à medida que mais olhanenses foram chegando. Constituíam um núcleo populacional à parte, a 1 Km. da vila. Montaram aí as suas pescarias e estaleiros, instalaram as artes de pesca e desenvolveram uma pequena indústria artesanal, bem como um pequeno comércio de víveres "as quitandas", onde não faltavam os legumes, as frutas, a batata, o arroz, o feijão, o leite e todo o género de produtos hortículas. As grandes fábricas apareceram mais tarde assim como o primeiro clube que Moçâmedes conheceu, o Ginásio Club da Torre do Tombo, que desenvolveu variada actividade desportiva, masculina e feminina e incrementou as festas tradicionais portuguesas. Esse bairro de pescadores passou a designar-se por bairro Torre do Tombo.
O NOME MOÇÂMEDES
O NOME MOÇÂMEDES
Como foi referido acima, em Agosto de 1785, àquele abrigo da Angra do Negro chegava, para aportar, o Tenente Coronel Pinheiro Furtado , que a bordo da fragata Loanda, comandava uma expedição de reconhecimento da costa marítima até ao Cabo Negro.
Para o mesmo local, mas por terra, seguia outro grupo de exploradores, chefiados pelo Sargento-Mor de ordenanças Gregório José Mendes. Estas duas viagens foram ordenadas por José de Almeida e Vasconcelos Soveral de Carvalho da Maia Soares de Albergaria, 11º. senhor da terra e celeiro de Moçâmedes, póvoa beirã no concelho de Vouzela, designado, Barão de Moçâmedes. Por honra e homenagem a esta iniciativa e ao êxito da empresa, Pinheiro Furtado quis fixar em terras de Angola os títulos de nobreza do seu governador, levantando cartas topográficas em que inscrevia os nomes de Baía de Moçâmedes onde anteriormente se mencionava Angra do Negro. Assim, este oficial seria o verdadeiro padrinho da futura cidade africana. O topónimo Moçâmedes, único no País, de origem árabe e de significado obscuro, para sempre ficaria ligado a uma terra de África. Ao passar por aquela póvoa beirã, foi-me indicado um solar senhorial, um tanto degradado, cujo portão da propriedade estava fechado a cadeado e que me disseram pertencer aos herdeiros de tão ilustre político, que marcou uma época em Angola depois de ser governador de Goiaz no Brasil. Os esforços que então foram feitos para fixação de povoadores portugueses a sul de Benguela, com receio de que outras potências coloniais tomassem tal iniciativa, não tiveram eco a nível de governo central e este grande anseio do Barão de Moçâmedes, naquele momento, não passou de um sonho cor de rosa. A corrente migratória continuou a processar-se para o Brasil que se tornou independente em 1822. Esse projecto iria materializar-se muito mais tarde, quando a 1ª. colónia chegou a Moçâmedes, no dia 4 de Agosto de 1849, ída de Pernambuco, chefiada por Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, que já lá encontrou o presídio na Ponta Negra (Fortaleza S. Fernando), construído entre 1840 e 1845, (1º. passo para o povoamento da região, cuja força militar destacada seria o garante da segurança de povoadores e de seus bens) e 7 feitorias, cuja pesca era exercida por escravos. Uma delas, a do olhanense Cardoso Guimarães, que introduziu a técnica da produção do peixe seco em 1843, foi de primordial importância para o início do comércio de cabotagem que mais tarde os olhanenses promoveram em toda a costa de Angola, S. Tomé e Príncipe e Congo.
Para o mesmo local, mas por terra, seguia outro grupo de exploradores, chefiados pelo Sargento-Mor de ordenanças Gregório José Mendes. Estas duas viagens foram ordenadas por José de Almeida e Vasconcelos Soveral de Carvalho da Maia Soares de Albergaria, 11º. senhor da terra e celeiro de Moçâmedes, póvoa beirã no concelho de Vouzela, designado, Barão de Moçâmedes. Por honra e homenagem a esta iniciativa e ao êxito da empresa, Pinheiro Furtado quis fixar em terras de Angola os títulos de nobreza do seu governador, levantando cartas topográficas em que inscrevia os nomes de Baía de Moçâmedes onde anteriormente se mencionava Angra do Negro. Assim, este oficial seria o verdadeiro padrinho da futura cidade africana. O topónimo Moçâmedes, único no País, de origem árabe e de significado obscuro, para sempre ficaria ligado a uma terra de África. Ao passar por aquela póvoa beirã, foi-me indicado um solar senhorial, um tanto degradado, cujo portão da propriedade estava fechado a cadeado e que me disseram pertencer aos herdeiros de tão ilustre político, que marcou uma época em Angola depois de ser governador de Goiaz no Brasil. Os esforços que então foram feitos para fixação de povoadores portugueses a sul de Benguela, com receio de que outras potências coloniais tomassem tal iniciativa, não tiveram eco a nível de governo central e este grande anseio do Barão de Moçâmedes, naquele momento, não passou de um sonho cor de rosa. A corrente migratória continuou a processar-se para o Brasil que se tornou independente em 1822. Esse projecto iria materializar-se muito mais tarde, quando a 1ª. colónia chegou a Moçâmedes, no dia 4 de Agosto de 1849, ída de Pernambuco, chefiada por Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, que já lá encontrou o presídio na Ponta Negra (Fortaleza S. Fernando), construído entre 1840 e 1845, (1º. passo para o povoamento da região, cuja força militar destacada seria o garante da segurança de povoadores e de seus bens) e 7 feitorias, cuja pesca era exercida por escravos. Uma delas, a do olhanense Cardoso Guimarães, que introduziu a técnica da produção do peixe seco em 1843, foi de primordial importância para o início do comércio de cabotagem que mais tarde os olhanenses promoveram em toda a costa de Angola, S. Tomé e Príncipe e Congo.
11 Comentários:
Oi eu tava pulando de blog em blog e cai nesse =)
Por Anónimo, Às 8:31 da tarde
Sei ao que vinha porque apanhei o link com Mario tendinha gostei e vou voltar.
Namibiano Ferreira/Joao Ferreira, neto de Joao Craveiro de Porto Alexandre.
Por NAMIBIANO FERREIRA, Às 7:48 da manhã
Sim, gostei da narração, simples, clara e com facilidade de leitura.
Tens é q emendar a dta acima. Não creio qu o ano esteja correcto, ou tens há mais de um ano isto escrito?
Obrigado tambem pela hiostória que deixas aos outros.
Teu irmão
Walter
Por Anónimo, Às 4:37 da tarde
Oi Cláudio, ultimamente tenho navegado, pelos sites à procura de gentes, factos, raízes.. gostei do teu.. escreve mais.. um abraço do Ruca
Por Anónimo, Às 12:23 da tarde
Oi Ruca. Agrade�o a tua presen�a do blog. O tio Trindade ser� referenciado a seu tempo. Foi um grande desportista de suar a camisola e dirigente duma �guia que teve de ser conduzida por ele nos �ltimos anos de v�o.Um forte abra�o.
Por Anónimo, Às 7:27 da tarde
Agradeço ao Namibiano Ferreira ser leitor do blog.Incentiva-me tê-lo como leitor e aproveito para lhe dizer que também sou um seu leitor interessado. Parabéns. Um forte abraço. Cláudio Frota.
Por Anónimo, Às 7:38 da tarde
Sou de Porto Alexandre (1963).Estou a fazer um trabalho sobre a minha terra. Alguem tem conhecimentos que queira compartilhar. Augusta
Por Anónimo, Às 4:36 da tarde
D. Augusta:
Existem alguns blogs muito interessantes de patrícios nossos com muita informação e que lhe poderão ser úteis. :ex:www.princesa-do-namibe.blogspot.com.Através deste descobrirá os outros.Boa sorte.
Cláudio Frota
Por Anónimo, Às 5:25 da tarde
Olá Claudio
Falaste-me deste teu trabalho e, obrigatóriamente, tinha que vizitá-lo. Confesso que não tive tempo de ler tudo, mas demorei-me desfolhando pachorrentamente o teu album fotográfico; e foi com um sorriso nos lábios que me descobri numa delas, tirada em 2005 quando estive no Namibe. De onde veio essa, há mais, portanto dispôem. Parabéns pelo teu trabalho.
ManelaLopes
Por Anónimo, Às 8:17 da tarde
Obg. Manela pela tua disponibilidade e presença no blog
Cláudio Frota
Por Anónimo, Às 8:31 da tarde
No dia 21-02-1964,quando o paquete "Vera Cruz", largava do cais de Moçâmedes, durante a manobra afundou o rebocador "Dande". Solicito aos frequentadores deste blog, caso possuam uma fotografia do "Dande", que entrem em contacto comigo para TM 966315068.
Obrigado.
Por Jobersal, Às 7:35 da tarde
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